quinta-feira, 7 de junho de 2012

As Cascas de Ovo Podem Ter Uma Segunda Vida!

Portugal produz anualmente milhares de toneladas de resíduos de casca de ovo que não podem ser colocados em aterros. Com isto, a indústria de produtos de ovos têm ‘em braços’ o problema de não saber o que fazer com este subproduto animal.

Para dar solução a este problema industrial, uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), está a estudar soluções que permitam criar um material útil para os solos.

“A indústria de produtos de ovos já está a entregar as cascas de ovos a um gestor de resíduos para que sejam incorporadas na compostagem mas o processo não está bem optimizado e é isso que estamos a fazer no laboratório”, afirma Margarida Quina ao Ciência Hoje.

Segundo a investigadora que lidera a equipa, é possível valorizar este resíduo através dos processos de compostagem e utilizá-lo em solos que sejam insuficientes em nutrientes como o cálcio e que tenham características ácidas. Assim, em vez de se comprar aditivos químicos comerciais, esta pode ser uma boa via de corrigir solos que perderam as propriedades adequadas para a produção agrícola.

Após vários estudos e experiências, os investigadores de Coimbra conseguiram uma mistura equilibrada, recorrendo a resíduos de casca de ovo, casca de batata, relva e casca de arroz, com propriedades corretivas dos solos com défice de alguns nutrientes, nomeadamente cálcio, e capaz de remediar solos contaminados por metais pesados.

“A casca de ovo tem de ser juntada a outros resíduos porque é essencialmente um material inorgânico e como o processo é biológico, os microorganismos não vão ‘comer’ a casca de ovo. O que o processo de compostagem vai fazer é permitir elevar a temperatura no sentido de matar os microorganismos patogénicos que possam estar depositados na casca de ovo”, descreve Margarida Quina.

O estudo vai agora entrar na fase da análise da interacção do composto com o solo, ou seja, os investigadores vão avaliar o comportamento do solo ao novo aditivo.

“Agora estamos a iniciar os estudos para ver o efeito efectivo que este composto pode ter a nível de solos, designadamente uma vertente que nos parece também muito interessante é a descontaminação de solos contaminados por metais pesados. Já temos em laboratório solo contaminado com chumbo de uma área mineira e queremos ver se este composto que estamos a produzir e é rico em casca de ovo é uma mais-valia na recuperação de solos degradados por processos mineiros”, conclui também a docente do Departamento de Engenharia Química da UC.

Estes testes são “um bocadinho demorados” mas dentro de “um ano, um ano e meio” já “teremos conclusões visíveis” possíveis de serem divulgadas, acrescenta.

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